Por Drumnbass.com.br

O Brasil sempre foi um celeiro de excelentes produtores e DJ’s dentro do Drumnbass, porém na entrevista abaixo iremos conversar com um DJ Brasileiro que tem feito algo além dos toca discos, e num lugar inesperado para muitos brasileiros, o Oriente Médio.

O paulistano Anderson Lima chegou a Dubai a mais de 8 anos, e ao longo desses anos o seu amor pelo Drumnbass só aumentou, e os fatos abaixo irão comprovar isso.
Uma oportunidade de trabalho levou Anderson a Dubai, antes disso ele já havia morado em Londres por 4 anos. Porém ao chegar no Oriente Médio viu que o sonho de ter uma festa de Drumnbass com uma proposta totalmente brasileira não estava distante.
Unindo forças com ingleses que residem em Dubai, Anderson começou a explorar essa nova oportunidade de impulsionar o Drumnbass, e em especial o brasileiro no Oriente Médio.

Nos dias atuais, Anderson realiza mensalmente a festa Brazilian Spirit, e ao longo de pouco mais de 4 anos já passaram pela festa inúmeros DJ’s e artistas brasileiros, como: DJ Marky, DJ Patife, Ramilson Maia, Level 2 e L-Side, Big T, Madzoo, Fernanda Porto, Deeplick e Kaleidoscópio (Ramilson Maia & Janaina Lima).

Batemos um papo com Anderson Lima para conhecer um pouco mais de seu trabalho musical no Oriente Médio, sua relação com o Drumnbass e os artistas brasileiros.

Primeiramente obrigado por nos conceder essa entrevista, creio que ela será bem interessante para o público brasileiro que nos acompanha.

Drumnbass.com.br: Nos conte como foi o início de sua empreitada em Dubai, quais foram as facilidades e dificuldades que você enfrentou para ter a sua festa de Drumnbass?

Anderson Lima: Cheguei em Dubai em Agosto de 2007, com um contrato de trabalho em uma area que não tinha nada ligado a música e logo no primeiro mês de trabalho um brasileiro com quem estava trabalhando, me perguntou o que eu fazia antes de Dubai, ai disse a ele que uma das coisas que fazia antes era ser DJ e ai veio aquela pergunta que normalmente quem mora fora do Brasil faz: Bedroom DJ ou profissional?


Eu disse que organizava eventos no Brasil e em Londres e que talvez aquilo me tirasse da area do (Bedroom DJ).
Bom esse cara me arrumou uma festa brasileira pra tocar, onde não tinham djs, os caras faziam uma festa para mil pessoas só no windows player. Foi quando cheguei com um monte de remixes brasileiros, mixando e falando no microfone, os caras foram a loucura e naquela noite consegui um monte de contatos em Hoteis (os Clubs em Dubai são dentro de Hotéis). Daí em diante não parei mais, como DJ e como organizador de eventos, pois organizar eventos era uma forma de fazer festas da forma que eu gostava e de me associar a outros promotores com mais experiência na Cena de Dubai, mas ainda não era o DrumnBass.

Um dos motivos que me fez criar a BRAZILIAN SPIRIT com meus 02 sócios, foi a minha facilidade para tocar e me expressar através da música.

Em Dubai, encontrei muitas dificuldades, mas a mais grave é que não sou INGLÊS, isto pesa muito aqui, pois os britânicos unem-se e não deixam ninguém (DJ ou promotor) fazer parte daquele circulo. Falta de patrocínio é um outro fator, como as empresas que fazem patrocínios são normalmente gerenciadas por britânicos e a elite de eventos é britânica, nada mais normal destes patrocinadores colocarem seus conterrâneos no topo de negociações.

Um exemplo disto, foi quando fui em um evento onde estava um dos promotores envolvidos com Drumnbass em Dubai e eu achei que seria legal trazer um DJ brasileiro super conhecido que eles ainda não tinham trazido, então um amigo que sabia da minha amizade com o tal dj, me apresentou para este promotor, que ficou louco com a ideia, me fazendo prometer que eu faria a negociação com o DJ e que faria parte do Evento.
Liguei para este DJ, que curtiu a idéia e disse que abriria portas com o empresário, dei o ok para os caras que não entraram mais em contato comigo e eu andava meio cheio de eventos então nem percebi que se passaram 6 meses, quando um amigo me perguntou se eu estava envolvido na festa que o meu amigo DJ tocaria em Dubai, fiquei muito desapontado com a atitude dos promotores, entrei em contato com o meu amigo, que tinha certeza que eu estava envolvido, resultado foi que o cara veio tocar, passou os dias de folga comigo, o que deixou os promotores frustrados, pois geralmente são nestes dias que fazem o contato pessoal com o artista, no dia do evento, os caras vinham me perguntar se eu era o "Tal" do amigo que vivia em Dubai e daí em diante me deram uma certa abertura, que resultou em contatos na Cena de Drumnbass daqui.

O UAE - Emirados Arabes Unidos - é um País Muçulmano, Dubai é uma cidade aberta ao turismo, mas existem limitações para eventos, consumo de alcool, divulgação de eventos, hoje em dia melhorou muito, mas ainda existem limites, por exemplo, não é permitido consumo de alcool na cabine de som, é necessário licença para artistas, então esse tumulto atrás do DJ, que é muito comum em UK e Brasil, não acontece aqui.

A Festas só acontecem até as 3 da manhã, depois disso o club fecha e não tem mais festa, então se voce é o DJ da noite, tem que fazer com que o público esteja embalado por volta da meia noite, pois você terá 3 horas de festa bombando, só que o público começa a chegar as 11 da noite, conseguiram imaginar o drama?
Se você não é o artista principal da noite, tem que se virar pra fazer a galera dançar dentro deste horário.

Drumnbass.com.br: Nos conte como é a sua relação com os promotores locais, como é feita a programação das festas para que todos possam ajudar na divulgação do Drumnbass em Dubai ?

Anderson Lima: Ter uma festa onde não se toca o normal (música em inglês) e fazer sucesso não é fácil, isso me ajudou muito a quebrar barreiras, hoje vejo que sou respeitado por isso e aí aparecem as parcerias que me proporcionam poder trazer artistas brasileiros do Drumnbass (L-Side & Level 2), na verdade só os aficionados em Dubai, conhecem os artistas novos brasileiros, porque pesquisam, quando fui convidado para tocar na Bassworx (uma das festas de Drumnbass de Dubai) pela primeira vez e mencionei que era brasileiro, um dos promotores logo disse amo o som do Level 2, após esse acontecimento foi fácil, pois já tinha contato com o Pedro e tinha dito que era um dos artistas que gostaria de trazer.

Em outra oportunidade, eu estava tocando somente músicas de produtores brasileiros em uma webradio e toquei uma música do Duoscience e uma pessoa da radio me perguntou quem era, antes de começar a responder, um Polonês que trabalha como Vj disse que era um produtor brasileiro com músicas super legais e sacou o iphone com as músicas do Duoscience. O mesmo acontece para Critycal Dub, Chap, Andrezz, Nitri, Simplification & Translate, MasterWizard e Urbandawn vira e mexe tem gente chegando em mim e perguntando se conheço e quando digo que os conheço e que são meus amigos, todos abrem o sorriso e dizem que curtem o trabalho deles.

A Divulgação acontece de forma muito simples, rede social e torpedos, acredite, todos os eventos em Dubai sao impulsionados por estas duas ferramentas.

Hoje faço parte deste seleto grupo de DJs de Drumnbass e promotores, e sou conhecido como o DJ brasileiro de Drumnbass ou como um amigo o Mach4 descreveu na ultima festa de DnB "O Maestro Brasileiro", que pra mim é um orgulho, porque assim como no futebol, nós brasileiros não inventamos, mas criamos nosso próprio estilo que chama atenção de muita gente.

Drumnbass.com.br: Sabemos que a Brazilian Spirit é uma festa com premissa brasileira. Quais os critérios que você utiliza para elaborar o Line Up de sua festa?

Anderson Lima: Então, eu já estava envolvido em eventos por mais de 4 anos quando comecei a receber contatos de alguns promotores de Dubai e em uma das vindas do Marky, ele mesmo disse que alguns promotores de Drumnbass estavam curiosos como eu tinha ficado tão conhecido no meio de eventos, fazendo um evento onde não se tocava nada que não fosse brasileiro, e o Marky me perguntou porque eu não trazia o DJs brasileiros além dele! O segundo que eu trouxe foi o Patife, daí em diante a porta estava aberta para artistas brasileiros.

Como existe um giro de público grande, pois Dubai é um local onde muita gente fica pouco tempo da vida, sempre tem público novo e infelizmente ou felizmente o Drumnbass é um estilo Underground, então muita gente já ouviu falar de alguns djs, mas muitos não conhecem, na Brazilian Spirit nos tentamos trazer aqueles artistas que tem uma historia mais longa, deixando para trazer os DJs / Produtores mais novos nas parcerias que fazemos com outras festas, o que tem funcionado muito bem.
Level 2 e L-Side receberam muitas criticas positivas, daqueles que não conheciam o som da nova geração brasileira e também abriram contatos com outros artistas.
No ano passado durante o festival Sun and Bass, Bryan Gee me pegou pelo braço perguntando se eu era o brasileiro que estava levando a galera do Brasil para Dubai e que se fosse queria falar comigo, então Bryan Gee tocou aqui dia 20/05 depois de anos que os promotores daqui o queriam em Dubai.

As vezes é difícil ficar em uma posição onde se tem que olhar pelo business, porque muita gente entra em contato, as vezes até ficando frustrado, porque querem uma oportunidade de tocar fora do Brasil, mas nós dependemos do público e também de outros promotores para fazer com que o vinda destes artistas seja satisfatória para eles, para nós organizadores e especialmente para o público.

Drumnbass.com.br: Como é a aceitação do público local com o Drumnbass?

Anderson Lima: A Comunidade do DrumnBass em Dubai ainda é pequena e recicla-se muito rápido, então são poucos os que são seguidores a muito tempo, mas existe um trabalho árduo para que este seguimento continue firme, trazer artistas de fora ajuda muito a promover a música, Dubai é um local onde o comercial impera, mas existe pessoas com sede de underground e isso nos impulsiona a fazer mais eventos focados no Drumnbass.

Drumnbass.com.br: Para finalizar, fale mais sobre o DJ Anderson Lima e os seus projetos futuros, em Dubai e no Brasil.

Anderson Lima: Sou um cara que ama música e em especial o Drumnbass, eu procuro sempre estar envolvido com a Cena Brasileira, fiz muitos amigos e o DJ (Anderson Lima) não pensa no business, então as vezes é uma luta entre o organizador de eventos e o DJ, mas tem funcionado.

Estou trabalhando em conjunto com um produtor brasileiro que vive aqui também a cerca de 10 anos, o Marcelo Flugel que é de Curitiba, o cara é crânio, manja muito de música (anotem esse nome) e já fizemos muita coisa juntos, então este ano estamos focados em produzir Drumnbass aqui, pois não existem produtores deste segmento em Dubai, já temos algumas músicas em andamento e em breve lançaremos um projeto nosso.

Também tem a BRAZILIAN SPIRIT que está crescendo a cada dia que passa e abrindo portas que eu nunca imaginava que se abririam. Então temos alguns projetos para este ano e para 2017, pois a comunidade brasileira aqui esta em torno de 7.000 brasileiros e também existem portugueses e latinos que amam a música brasileira, isso nos motiva para fazermos festas maiores.

Este ano ainda toco aqui com a Fernanda Porto e com o Patife (que é um dos residentes da Brazilian Spirit).

Iniciamos uma parceria do LIQUID DNB BRUNCH e fizemos a segunda festa em Maio com o Bryan Gee e Ramilson Maia, foi bem bacana, é um almoço com música, no caso Drumnbass que rolou por 12 horas e que o Bryan Gee tocou por quase 5 horas (Long set), recebemos muitos comentários positivos, então seguiremos em frente com este projeto.

Recebi o convite de uma festa de Sao Paulo que ja frequentei algumas vezes e que sou super fa, mas ainda estou checando datas, pois não tenho ido muito ao Brasil, este ano devo aparecer por ai 2 vezes, se tudo der certo!

Em uma das minhas conversas com alguns DJs brasileiros deixei bem claro que faria e farei o que for necessário para promover o Brasil, pois acho que os artistas brasileiros não deixam nada a desejar quando comparados aos estrangeiros, então faz parte sim de projetos futuros continuar a trazer os DJs brasileiros para Dubai, acho que isso é um trabalho em conjunto, sempre que recebo músicas novas dos brasileiros, tento coloca-las nos meus sets, pois é uma forma de promover e abrir caminho para virem tocar aqui, se o público não conhece a sua música, como é que nós vamos trazer voce? É muito simples!

Queria aproveitar este espaço para deixar um recado para todos aqueles que estão envolvidos com o Drumnbass no Brasil, desde do super DJ ou cara que começou ontem e a todo o público que segue as festas e o site Drumnbass.com.br.

"Pessoal unam-se invistam seu tempo, compareçam as festas, deem suporte aos artistas nacionais, sabe por que? Porque os Gringos unem-se e constroem uma cena onde poucos estrangeiros fazem parte como artista e o público paga para curtir, se vc é artista, não reme ao contrario do restante, una-se, aqui fora é assim que funciona, se você é fã, de aquela força para as festas, para os artistas e divulgue as músicas e os DJs com orgulho, porque só assim a Cena e nossos artistas terão destaque."

Confira Abaixo o tracklisting do Set mixado do DJ Anderson Lima, especialmente para o Drumnbass.com.br.


Clique Aqui e faça o download do set do DJ Anderson Lima

Let me Know feat Skyeyes - Duosciense
Spectrasoul - Alibi
Individual - DJ Chap, Andrezz & L-Side Remix
Killer Transmissions - L-Side
Drop Dead - Unreal, Dogface & Alibi
Doppelgänger - S.P.Y
Cracker - Nitri
Messiah Complex - Urbandawn
Fear - DJ Chap (Unreal VIP Remix)
About Me - Crytical Dub Feat Janz
It s a Long ... - DJ Marky
To The Ground - Simplification, Translate & Masterwizard