Por Drumnbass.com.br

Armando Ferraz, sempre foi um aficionado por Drumnbass. Desde a extinta Ghost em Interlagos, zona sul de São Paulo até as primeiras quintas feiras históricas no Lov.E club chegando a sua mais nova empreitada na cena Drumnbass, o selo "Dirty Hole Music".

Seu gosto musical sempre foi qualificado, e desde suas primeiras incursões no Drumnbass, Armando teve apreço por nomes como: Ed Rush & Optical, Bad Company, Mindspace e Noisia.

Com seu gosto musical bem definido ao longo dos anos, Armando concluiu mais uma fase dentro do Drumnbass, apresentando ao público o selo "Dirty Hole Music". O selo estará focado em produções que sigam as convicções musicais de Armando e seus collabs.

Em seu primeiro single de apresentação, o selo traz ao mercado um dos melhores produtores que o Brasil tem quando falamos em Drumnbass, estamos falando de Bungle. O single de Bungle alcançou em poucos dias, status de top 50 em vários charts nas lojas digitais e inclusive teve umas das músicas do single "Under Threshold" incluída no mais recente Essential Mix da dupla britânica Spectrasoul que foi ao ar dia 04/11/2017 na BBC Radio 1.



Conversamos brevemente com Armando que hoje reside em Lisboa (Portugal) e que em breve apresentará suas músicas no Dirty Hole Music em parceria com Anderson Costa, com o alias "SPMASSIVE".

Drumnbass.com.br: - Armando nos conte quando o Drumnbass entrou em sua vida.

Armando: Meu primeiro contato com Música Eletrônica foi no castelo da Avenida Robert Kennedy em Interlagos no Club Ghost que ouvi pela primeira vez das mãos do Dj Anderson Costa o "Jungle" em vinil naquela época. Isso foi por volta de 1995. Foi um choque na época um som tão enérgetico e com beats pesados, que era o que eu gostava no Rap.

Curiosamente, Anderson hoje é o meu parceiro no projeto SPMASSIVE e fomos apresentados pelo grande Dj Fabinho (In Memorian).

Em seguida veio o Lov.e Club, que era na esquina de minha casa e descobrimos (éramos sempre em 10 no mínimo) que levar 1kg de alimento não perecível podíamos entrar num dos melhores clubs que São Paulo já teve. Isso por volta de 1998 e lá vi: Ed Rush, Dillinja, Zinc, Bad Company, Bryan Gee, Soul Slinger, Roni Size entre vários outros. O Marky sofreu nas quintas… sem esquecer dos cafés da manhã, do Zé Petro, Grace Lesada, Cacá Trash, Monica, Helô… ali eu aprendi a amar isso.

Perto de 2001 sai um pouco da cena, me formei e sempre carreguei o DNA do Drumnbass, e em 2005 formado como Designer, o meu trabalho de conclusão de curso foi um label que nunca vingou pois não tinha os artistas, eu era muito cru no design, não tinha dinheiro para investir e ficou esse projeto pessoal ficou no hiato por longos 12 anos.

Trabalhei com eventos, festivais e cinema como produtor mas sempre ouvindo Drumnbass, nunca deixei de me informar sobre os acontecimentos.

Em 2014, viajei para Europa visitar meu pai e fui me encontrar com o BTK na Antuérpia. Tive o prazer de conhecer o Optiv, Enei etc. A seguir fui a Vienna para conferir mais uma vez o Ed Rush no Club Flex.
Ao retornar ao Brasil, depois desta viagem decidi comprar o Ableton Live original e ver o que poderia acontecer.

Drumnbass.com.br: - Nos conte quais foram suas referências musicais.

Armando: Hip Hop em primeiro lugar por ser uma descoberta "minha". Gostava de Lobão, Titãs, Ultraje a rigor, Cazuza, Barão ... Meu primeiro CD foi o "Chaos AD" do Sepultura que ganhei da minha mãe e eu ouvi ele umas 500 vezes.

Depois Pantera, Rage Against, Helmet, Body Count e a lista vai...Comprei muito CD de Drumnbass entre alguns títulos estão: Bad Company, Prototype do Grooverider (capa holográfica linda), Matrix "Sleepwalk" (ganhei do meu pai em Londres na Tower records em 2000 acho)...
Ram science, Friendtronik, todos do Marky mas o primeiro será sempre o melhor de todos! Progressions Session do LTJ Bukem & DRS minha mãe roubou de mim a uns anos... eu gastei muita grana porque eu curtia ter o CD, ver o encarte, ter o original isso não tem preço.

Depois vieram os discos, que com a modéstia parte tenho mais de 200 labels só de peso pesado do Drumnbass, como: Commercial Suicide, Vision, Virus, Blackout, Subtitles, Full Force, Dom & Roland, Renegade Hardware, Citrus, Symptom, Neosignal, Modulate, Disturbed, Metalheadz, SOM Music, DSCI 4, Project 51, Shadybrain, Red Light, Violence, Lifted, M-atomme, Syndrome Audio, Sinuous, Bad taste, Critical entre várias outras... eu sempre comprei tudo bem diversificado.

Drumnbass.com.br: - Fale um pouco como foi a maturação do seu trabalho musical até os dias atuais.

Armando: Olha isso nunca vai acabar. É uma evolução constante. Eu sei que não sei nada a cada dia e, que a cada dia que eu aprendo mais e mais.
Digo isso, tanto na produção como no background do label como designer, como AR e em relação ao público. Tem também toda parte financeira que é muito importante.
Esperei 12 anos e me achei preparado o suficiente para começar o label. O Anderson está nessa comigo e tomamos a decisão juntos. Não viemos para fazer qualquer coisa e muito menos um monte de qualquer coisa.

Drumnbass.com.br: - Como foi criado o selo Dirty Hole Music? Qual a pretenção do selo no cenário mundial?

Armando: Como disse antes, o desejo já é antigo, ele ta pronto desde 2005 teoricamente. Na prática começamos em Junho de 2017. O nome do label é o que São Paulo representa ao meu olhar, é a cidade que eu nasci, no bairro da Bela Vista, que eu amei durante 38 anos e coloquei as cores da bandeira do estado no logo. Me mudei para Lisboa, comecei tudo de novo e agora com foco total no label.

A pretenção é fazer pouco e bem feito. Artwork, texto, promo, tudo muito minucioso! Não vai sair meia-bomba.
Cenário? Não posso adiantar nada !!!

Drumnbass.com.br: - Além de Bungle, quais produtores brasileiros você tem ouvido com mais frequência? Quais deles te chamam atenção?

Armando: Tem muita gente boa, cada um no seu timing de chegar no próprio estilo / caracteristica / peculiaridade / técnica / som - que é isto a música.
Sem nomes mas estamos ai observando com certeza!

Drumnbass.com.br: - Você assina suas músicas com o produtor paulista Anderson Costa, com o alias de SPMASSIVE. Como funciona o processo criativo a distância da dupla?

Armando: Então, agente ainda não assinou em nenhum selo, mas vou adiantar que o próximo release do label terá a nossa debut track como SPMASSIVE que já está pronta com um convidado que gostamos muito de sua sonoridade, além de um collab.

O work-flow é através do skype, sites de envio de dados. Anderson faz algo que eu olho e vice-versa. Depois de um certo ponto do projeto o Anderson absorve o trabalho de Mix e Master e eu sigo para o design gráfico, MKT e social media.

Cuido ainda de toda a gestão do distribuidor e burocracias que diga-se de passagem e muito complicada e eu sou muito chato com isso!

Drumnbass.com.br: - Nos fale como é ser top 50 nos maiores charts do Drumnbass em seu primeiro release.

Armando: De verdade isso não muda muita coisa. Mesmo se tivéssemos o top 5000 eu iria adiante.

O Bungle é quem está carregando a bandeira do label como carrega todas as outras. Se chegou até a posição de número 33 (hoje) foi por conta do som do cara.





Ninguém sabe quem somos nós (label)! Minha conta do soundcloud (label) tem 53 seguidores… não se trata disso, se trata de construir uma sequência de lançamentos que compoem uma narrativa usando o Drumnbass como a linguagem.

Sabe porque? Porque o Drumnbass pode ser muito mais do que tem-se feito por ele.

Drumnbass.com.br: - Fora do Drumnbass quais são suas referências?

Armando: Mihai Popoviciu sou fã desse cara. Dj Slynk canadense de funky breaks animal. Badboe também muito bom mesmo gênero. Die Antwoord absurdo o som e o visual! Acho bom o som do brasileiro Wehbba. Umek ouvi demais… Hip Hop nacional GOG, Racionais, RZO, Sabotage…

Drumnbass.com.br: - Para finalizar deixe um recado para os produtores e jungists brasileiros.

Armando: Putz cara… nunca tente fazer o que eu fiz, tentar chegar no som de alguém.
Descubra o seu próprio som. Talvez você nunca descubra e mesmo assim realize vários projetos ou não. Você vai encontrar o seu universo sonoro.

Estude muito, treine muito, estude muito, treine muito. Youtube tem inumeros tutoriais (ex: o Anderson já assistiu acho que uns 2.000), trabalhe com samples, trabalhe com synth digital… compre um teclado MIDI, eu por exemplo encomendei um eurorack fabricação portuguesa… invista se você gosta!

Claro que se você estiver no Brasil os equipamentos são surreais!!! Mas você pode evoluir no digital, aprender a parte técnica e depois ir buscar timbres.
Não vai ser fácil mas não é impossível, não tem certo nem errado. O que existe é um cuidado técnico hiper complexo. Tenha muito bom senso! Seja muito cuidadoso e seja criativo.

É um mercado dificil, incerto e com muitos problemas. Poucas serão as pessoas que vão te ajudar.

E em meio a todo esse caos de descobertas e frustrações você com certeza vai tirar o maior barato! Vale mais a pena eu ficar um final de semana fazendo um som do que ouvindo papo furado no bar do bairro… Dedicação. Pra quem já faz um som peço licença, vamos chegando devagarinho, com respeito e espero que gostem!


Para saber mais sobre Armando Ferraz e o selo "Dirty Hole Music" acessem:

www.dirtyholemusic.com.